February 22, 2007

Um dia especial

Eu tinha uns sete anos de idade. Minha mãe não me deixava brincar com meninos e muito menos me juntar a eles para me sujar. Sim , pois há um detalhe importante: eu era, e sou, hoje um pouco menos, alérgica e asmática. Por isso, poeira e água não podiam estar perto de mim, nas minhas mãos, pés, roupas...

Mas na vida como se sabe sempre há um dia de excessão, um dia em que nos desviamos daquele caminho cotidiano e caimos nas delícias do destino. Era um dia de semana, estávamos em férias, e meu primo, o mais endiabrado de todos os doze primos, chegou à casa da minha avó, de onde eu não saia e me chamou para ver um morrinho de terra vermelha e alguns papelões que ele havia catado no lixo lá de casa. Ele me sorriu de uma forma encapetada, como de costume, e propôs: Vamos brincar de decer o morro?

Muitos sentimentos encheram meu coração de menina esperta, entre eles o medo de minha mãe descobrir. Para me aliviar ele disse: Ela tá trabalhando e até ela voltar a gente já tomou banho. Havia mais dois meninos e uma menina, vizinhos. Todos estavam prontos pra iniciar a brincadeira. Eu era a única "medrosa".
Mas se vocês conhecessem minha mãe também teriam medo de se enfiar numa brincadeira que certamente me traria alguma complicação.

Mas não demorou muito fui convencida. A verdade é que eu estava tomada pelo desejo de me sentar naquele papelão de decer o morro. As desculpas eram mais para aliviar minha cosciência infantil.

Começamos a brincadeira. Decemos e subimos aqulele morro mais de cem vezes e a fadiga, ou tédio da brincadeira não vinham nunca. Acredito que naquele dia aprendi o valor da alegria, o valor de uma boa gargalhada , ainda hoje posso sentir o cheiro da poeira, sem nem ligar para o que viria mais tarde, tosse e cansaço da asma. Dane-se, eu estava sendo feliz e sabia. Issso é para mim hoje um grande valor, saber-se feliz!

Bem, na leveza das horas não vimo o tempo passar e imaginem no que deu. Sim, minha mãe chegoou e me pegou em flagrante dilito. Sim, porque a felicidade daqueles momentos eram para minha mãe um ato ilícito contra aminha saúde.

Tudo estava "à mil maravilhas" até eu ouvir aquele som familir de berro: Keeeellyyyy dece já daí! Eu deci do morro toda imunda de pó. Não dava pra saber o que era roupa, cabelo e chinelo. Eu era uma nuvem de poeira ambulante e sorridente.

Foi pela intercessão da minha madrinha, mãe do endiabrado primo, que eu não apanhei . Na verdade minha mãe nunca me bateria na frente dela ou de outras pessoas. Mas eu fiquei com medo. Depois de um banho e do almoço, nem nos lembramos de comer naquela tarde, fui dormir, a fadiga veio e me carregou para o mundo dos sonhos. Mas nem alí eu poderia ser tão feliz como havia sido na realidade pueril daquele dia Especial.

por: kelly Cândido.

1 comment:

Anonymous said...

uauauuauauaua!!!!!